segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Não gostei!

Expliquei no post anterior os motivos pelos quais não participei na manifestação do dia 15 de Setembro. Apesar dessa ausência, tive conhecimento de dois factos ocorridos nas manifestações: no Porto, Francisco Louçã foi vaiado por nela ter participado. No Funchal, os partidos políticos, no seu conjunto foram denegridos e mal tratados pelos organizadores da referida manifestação. Estes dois factos suscitam-me os seguintes comentários:
Faz algum sentido, criticar e vaiar Francisco Louçã, quando este, juntamente com Jerónimo de Sousa, tem sido dos políticos em Portugal que se tem assumido como dos mais anti-troikistas? Esta manifestação não era contra a troika? Louçã nunca foi governante, logo apesar de ser político não é responsável pela presente situação. Louçã, que eu saiba, não perdeu os seus direitos e deveres de Cidadão por ser político.Por esta razão, fiquei triste e revoltado com quem assim procedeu e mais convicto de ter sido acertada a minha não participação na manifestação.
Qual a lógica de se atacar TODOS os partidos políticos nesta manifestação? Por acaso são todos iguais? Todos têm responsabilidades governativas? O que pretendem os manifestantes? Uma Democracia sem partidos? No meu dicionário, essa situação é sinónimo de Ditadura e Totalitarismo! Para manifestações que "ingenuamente" atentem contra os alicerces da Democracia não contem com a participação do Cidadão Pensador!

P.S. Transcrevo de seguida um pertinente artigo de opinião da Professora Isabel Cardoso, publicado hoje no Diário de Notícias da Madeira, onde algumas observações são feitas sobre o tema deste post:

"No dia 15 estive lá por convicção e à boa-fé e por lá encontrei muita gente irmanada pela mesma consciência de que, só juntos, conseguiremos pôr fim a um poder corrupto de oportunistas que há trinta anos, lá como cá, têm posto o nosso país a saque. Encontrei muita gente com quem partilho um sonho, o de fazer do nosso mundo um lugar melhor, mais justo e mais fraterno. Mas também encontrei muita gente confusa e muita outra apostada em confundir numa atitude que me pareceu ora de ignorância, ora de manifesta vontade em aproveitar a ingenuidade de uns quantos, para gerar equívocos. Confundir a designação de manifestação apartidária com antipartidária pareceu-me grave: era uma iniciativa sem partidos mas não podia ser contra os partidos. Os partidos, os movimentos de cidadãos, as associações de qualquer tipo são inquestionáveis formas de intervenção democrática. Pelo voto popular se legitima o poder, por isso, aos que governam devem ser exigidas contas. Falar em políticos como sinónimo de governantes foi má-fé: todos os cidadãos são políticos e todos, quer por participação quer por demissão, fazem política. Tentar divulgar que a manifestação para ser "pura" não podia ter cidadãos ligados aos partidos foi, simultaneamente, falta de bom-senso e de inteligência: primeiro porque se contradizia no propósito inicial de ser para todos e segundo porque foi mais do que evidente o oportunismo de alguns ao protagonizar a iniciativa. Foi inquietante ouvir que o mérito da manifestação tinha sido o de não ter nem partidos nem sindicatos a tentar "tirar dividendos" (sic). Afinal em vez de cidadãos pensantes e com capacidade de escolha, em vez de trabalhadores cuja acção é um valor moral não negociável da sociedade, somos meros consumidores de publicidade? Afinal só se sai para a rua quando o problema afecta o "eu" individual? E não quando é uma causa de que todos comungam solidariamente? Não saí só porque as medidas de austeridade me afectam, saí porque as medidas nos afectam a todos, porque esta política já destruiu vidas e destruirá muitas mais se não se alterar o rumo, saí (e somei-me a milhares) porque quero que Portugal seja um país com futuro, na pluralidade de ideias, no debate de opiniões e na participação solidária e generosa de todos sem excepção. Por isso, contem comigo para mais manifestações."

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