15 de Setembro: Porque não participei!

Para início de discussão e polémica, começo por assumir esta minha postura politicamente incorrecta. Num fim de semana em que milhares de pessoas saíram à rua em protesto contra as medidas de austeridade impostas pelo Governo e pela Troika, afirmo que não fiz parte desse universo contestatário. 

E porque não o fiz? Será porque não me revejo nos motivos da manifestação?Será porque sou governante? Será porque entendo que as decisões políticas são assunto que não me diga respeito enquanto cidadão?

Nada disso! Revejo-me nos motivos, não sou governante e entendo que a política diz respeito a todos nós enquanto Cidadãos, Eleitores e Contribuintes Fiscais.

Se assim é, então porque não participei?

Simplesmente, porque acho que já é tempo de todos os Cidadãos se consciencializarem de que a Democracia, com todos os Deveres e Direitos que implica, não é uma brincadeira de crianças. Já é tempo de todos os eleitores terem a noção de que quando votam, não devem fazê-lo de forma clubista, no sentido de tentarem que o "seu" partido tenha mais votos do que o partido dos "outros", numa perspectiva  de campeonato de partidos. Já é tempo de os votantes saberem que quando votam numas legislativas estão a eleger deputados para quatro anos, para o bem e para o mal. Não estão a eleger Governos. Já é tempo de se ter a maturidade democrática de perceber que a queda de um governo não deveria automaticamente implicar a dissolução da AR ou respectivas ALR's. Se assim fosse, eventualmente não teria sido necessário ter havido esta manifestação. Passo a explicar:

Em 2011 existiram eleições legislativas para a AR e para a ALM. Em campanha eleitoral, existiram partidos, que actualmente estão na oposição, que até à EXAUSTÃO alertaram os eleitores para as consequências de darem maioria absoluta ao PSD/CDS. O que aconteceu? Esses partidos foram penalizados eleitoralmente e simultaneamente deu-se o poder absoluto ao PSD/CDS. Ou seja, a maioria do eleitorado, por acção(voto) ou omissão(abstenção) ESCOLHEU este caminho, pois foi AVISADO e ALERTADO para o que aí vinha.

Portanto, agora queixam-se de quê?

Não votei no PSD e no CDS, nem me abstive e nem votei em branco. Logo, objectivamente, na devida altura manifestei a minha rejeição por este caminho. No entanto, democraticamente, a maioria dos meus compatriotas escolheu outras alternativas, cujas consequências estão a sofrer agora na pele.

Sou assim de opinião, que nesta manifestação e outras similares, deverão participar todos aqueles que tendo escolhido o caminho da TROIKA, estejam agora arrependidos. Os restantes, que se abstiveram ou votaram nos partidos anti-troika, não têm obrigação nenhuma de mostrarem a sua indignação. Os primeiros, ao se absterem, não têm legitimidade para criticar o que quer que seja. Os segundos porque estão a respeitar democraticamente a escolha da maioria votante.