quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O que é estar apaixonado?

Esta pergunta poderá ser respondida sob duas ópticas políticas: a correcta e a incorrecta.
Sendo assim, começo por explanar a primeira: estar apaixonado é quando alguém começa a “mexer” connosco de forma muito especial. Começamos a pensar muito nessa pessoa, a sentir vontade de estar sempre ao seu pé, a ficar sem respiração quando vemos essa pessoa a se aproximar de nós, a sentir o coração a bater mais depressa só de ouvir o seu nome, quando um pequeno sorriso ou uma pequena atenção a nós dirigido por esse alguém faz-nos sentir a pessoa mais feliz do mundo. Estes são alguns dos principais sintomas que sentimos quando estamos verdadeiramente apaixonados por alguém.
Posto isto, passemos à segunda óptica: estar apaixonado por alguém é (in)conscientemente estarmos predispostos a sermos usados e tratados como “papel de embrulho” por esse mesmo alguém. Passo a explicar: quando nos apaixonamos, tal acontece sem ter havido nenhuma razão objectiva para o efeito. Muitas vezes, um pequeno sorriso que a pessoa nos dirige, uma conversa tida com essa mesma pessoa é o suficiente para que todos os sintomas acima referidos (na óptica politicamente correcta) comecem a se manifestar. Nessa situação, impelidos pelas nossas emoções, partimos em busca da “conquista” do alvo da nossa paixão. Deste modo, tudo fazemos para chamar a atenção e agradar a essa pessoa, como forma de acender no coração da mesma a chama da paixão. Ora, é precisamente nesta atitude, que reside o problema. Esta pretensão é uma pura ilusão. Regra geral, quando nos apaixonamos por alguém, tal acontece por razões alheias à vontade da mesma. Apaixonamo-nos sem que essa pessoa objectiva e propositadamente tenha feito algo para esse efeito. Daqui resultam dois possíveis cenários: a pessoa pode ou não “gostar” de nós. Se não gostar, trata logo de evitar estar connosco e demonstrando claramente que não está interessada em nós. Se “gostar“ de nós, o caso muda de figura. Abro aqui um parêntesis, para enfatizar o uso do termo “gostar”. Propositadamente digo “gostar” e não “estar apaixonado”. Digo isto, porque acho que paixões recíprocas são uma raridade na vida real, embora sejam abundantes na literatura, no cinema, nas novelas… “Gostar” significa que essa pessoa até sente-se atraída por nós, aprecia a nossa companhia, mas consegue sempre manter uma certa racionalidade na forma como lida com a sensação de “gostar”. Neste cenário, que é o mais usual, temos um casal formado por uma pessoa apaixonada e por uma pessoa que “gosta”. Daqui resulta um profundo desequilíbrio psico-emocional na relação. De um lado, temos a pessoa apaixonada, que tudo faz para agradar ao alvo da sua paixão. Do outro, temos a pessoa que “gosta”, que usufrui da inteira disponibilidade e predisposição do apaixonado para assim, a seu bel-prazer, manipulá-lo e usá-lo na satisfação das suas necessidades de carinho, atenção e sexuais. E fá-lo até ao dia em que eventualmente suceda uma das duas seguintes situações: enfastia-se da pessoa apaixonada, ou então, o “gostar” evolui para o verdadeiro Amor! Na primeira situação (a mais vulgar), o desfecho lógico é acabar a relação até esse momento mantida, deixando a pessoa apaixonada no mais profundo vazio sentimental. Na segunda situação (a ideal, mas muito rara), estão criadas as condições para se estabelecer então uma relação de verdadeiro Companheirismo, Cumplicidade e Respeito, pilares fundamentais do Verdadeiro Amor!
Assim, para sermos ser felizes é preferível estar na posição de quem “gosta” e não na de apaixonado. Nessa posição, nada temos a perder. Enquanto não nos enfastiamos da pessoa de quem “gostamos”, estamos a usufruir da sua inteira dedicação. Por outro lado, existe sempre a possibilidade de o nosso “gostar” evoluir para um sentimento mais profundo, que é o Amor (não confundir com Paixão)!

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