O que é estar apaixonado?
Sendo
assim, começo por explanar a primeira: estar apaixonado é quando
alguém começa a “mexer” connosco de forma muito especial. Começamos a pensar
muito nessa pessoa, a sentir vontade de estar sempre ao seu pé, a ficar sem
respiração quando vemos essa pessoa a se aproximar de nós, a sentir o coração a
bater mais depressa só de ouvir o seu nome, quando um pequeno sorriso ou uma
pequena atenção a nós dirigido por esse alguém faz-nos sentir a pessoa mais
feliz do mundo. Estes são alguns dos principais sintomas que sentimos quando
estamos verdadeiramente apaixonados por alguém.
Posto
isto, passemos à segunda óptica: estar apaixonado por alguém é
(in)conscientemente estarmos predispostos a sermos usados e tratados como
“papel de embrulho” por esse mesmo alguém. Passo a explicar: quando nos
apaixonamos, tal acontece sem ter havido nenhuma razão objectiva para o efeito.
Muitas vezes, um pequeno sorriso que a pessoa nos dirige, uma conversa tida com
essa mesma pessoa é o suficiente para que todos os sintomas acima referidos (na
óptica politicamente correcta) comecem a se manifestar. Nessa situação, impelidos
pelas nossas emoções, partimos em busca da “conquista” do alvo da nossa paixão.
Deste modo, tudo fazemos para chamar a atenção e agradar a essa pessoa, como
forma de acender no coração da mesma a chama da paixão. Ora, é precisamente
nesta atitude, que reside o problema. Esta pretensão é uma pura ilusão. Regra
geral, quando nos apaixonamos por alguém, tal acontece por razões alheias à
vontade da mesma. Apaixonamo-nos sem que essa pessoa objectiva e
propositadamente tenha feito algo para esse efeito. Daqui resultam dois
possíveis cenários: a pessoa pode ou não “gostar” de nós. Se não gostar, trata
logo de evitar estar connosco e demonstrando claramente que não está
interessada em nós. Se “gostar“ de nós, o caso muda de figura. Abro aqui um
parêntesis, para enfatizar o uso do termo “gostar”. Propositadamente digo
“gostar” e não “estar apaixonado”. Digo isto, porque acho que paixões
recíprocas são uma raridade na vida real, embora sejam abundantes na
literatura, no cinema, nas novelas… “Gostar” significa que essa pessoa até
sente-se atraída por nós, aprecia a nossa companhia, mas consegue sempre manter
uma certa racionalidade na forma como lida com a sensação de “gostar”. Neste
cenário, que é o mais usual, temos um casal formado por uma pessoa apaixonada e
por uma pessoa que “gosta”. Daqui resulta um profundo desequilíbrio
psico-emocional na relação. De um lado, temos a pessoa apaixonada, que tudo faz
para agradar ao alvo da sua paixão. Do outro, temos a pessoa que “gosta”, que usufrui
da inteira disponibilidade e predisposição do apaixonado para assim, a seu
bel-prazer, manipulá-lo e usá-lo na satisfação das suas necessidades de
carinho, atenção e sexuais. E fá-lo até ao dia em que eventualmente suceda uma
das duas seguintes situações: enfastia-se da pessoa apaixonada, ou então, o
“gostar” evolui para o verdadeiro Amor! Na primeira situação (a mais vulgar), o
desfecho lógico é acabar a relação até esse momento mantida, deixando a pessoa
apaixonada no mais profundo vazio sentimental. Na segunda situação (a ideal,
mas muito rara), estão criadas as condições para se estabelecer então uma
relação de verdadeiro Companheirismo, Cumplicidade e Respeito, pilares fundamentais do
Verdadeiro Amor!
Assim, para sermos ser felizes é preferível estar na posição de quem “gosta”
e não na de apaixonado. Nessa posição, nada temos a perder. Enquanto não nos
enfastiamos da pessoa de quem “gostamos”, estamos a usufruir da sua inteira
dedicação. Por outro lado, existe sempre a possibilidade de o nosso “gostar”
evoluir para um sentimento mais profundo, que é o Amor (não confundir com
Paixão)!
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