Colhemos o que plantamos!
As guerras, o terrorismo e fenómenos afins suscitam-me as seguintes reflexões:
A
espécie humana ao ser capaz de tal atitude revela que afinal é a única
espécie irracional à face da Terra. Efectivamente, não conheço no mundo
animal, outras espécies que matem sem ser pelo instinto de
sobrevivência.
A humanidade encerra no seu seio uma imensidão de
seres humanos, seres esses que se distinguem entre si por múltiplos
factores: culturais, linguísticos, religiosos e rácicos.
Esta
diversidade torna a espécie humana das mais ricas que existem na face da
Terra. Pois bem, por paradoxal que pareça, é esta diversidade natural
que tem mais contribuído para o crescente aniquilamento da nossa
espécie, na medida em que são os próprios seres humanos que embora tendo
consciência das suas naturais diferenças, acabam por não as aceitarem,
fazendo que daqui resultem ódios ancestrais.
De que resultam esses
ódios? Dos nacionalismos exacerbados, dos fanatismos religiosos, das
teses defensoras da preservação das raças, alimentadas por interesses de
natureza meramente económica.
São estas teses que ao longo da
História Mundial, tem estado invariavelmente na base dos maiores
conflitos que a Humanidade já conheceu.
Nacionalismos: De que
serve elevarmos em alto e bom som o nome da nossa nação? Sempre que, em
qualquer domínio qualquer país celebra uma vitória, seja no campo
desportivo, no campo económico, ou cultural, essa vitória é sempre
obtida à custa da derrota de outra nação ou país, não é assim? Quer
queiramos ou não, só por este facto, está lançada a semente do ódio. Não
ponho em causa o passado histórico dos países. Mas já é altura da
humanidade encarar esse facto não como motivo divisionista, mas sim como
elemento enriquecedor da sua essência. O Homem sempre teve necessidade
de competir. Então, a formação de muitas das actuais nações tiveram por
base muitas guerras onde os derrotados foram sempre espezinhados e
denegridos. Por este motivo existem ódios que perdurarão ainda por
muitos séculos. Neste sentido, é com muita tristeza, que assisto ás
manifestações contra a globalização. Esta poderá não estar a ser
conduzida da melhor forma, admito isso, mas temos de reconhecer que como
muito bem disse um filósofo grego: " não sou um ateniense, mas sim um
cidadão do mundo", todos nós pertencemos a um planeta, que é a nossa
casa comum, no qual era suposto vivermos em harmonia, respeitando as
diferenças, usando-as não como factores de segregação, mas sim como
elementos complementares na construção de uma humanidade mais justa e
solidária.
Fanatismos religiosos: é característica natural da
natureza humana a sua dimensão espiritual. Não acredito em ateus
absolutos. Acredito sim em pessoas que não se revêem em nenhuma das
actuais religiões. Agora qualquer um de nós, ser humano e mortal, tem
necessidade de se apoiar em algo não material, em algo invisível, que
continuamente nos orienta e guia no nosso quotidiano. Ora bem, cientes
desta necessidade espiritual, os fundadores das religiões aproveitaram
essa característica humana, para dogmatizar a forma como cada pessoa
devia encarar a relação com o "eu espiritual", surgindo assim as
religiões. E tem sido estas que também têm contribuído para muitas das
guerras que a humanidade já conheceu. Pergunto: qual a necessidade de
existirem religiões? Cada um não é livre de expressar e viver a sua fé
do modo que lhe mais convier e lhe for mais aprazível? Admito que possa
chocar muitas pessoas, mas por consideração com todas as pessoas mortas
ao sabor dos fanatismos religiosos que por aí proliferam, eu considero
as religiões como das maiores aberrações surgidas e criadas pelo Homem.
Preservação
das raças: a natureza humana é constituída por raças diversas, é uma
realidade incontornável. Contudo, também é natural que pessoas de raças
diferentes se sintam atraídas entre si. A prova disso é que a
miscigenação racial é um fenómeno com tendência crescente. Se assim é,
porquê contrariar uma tendência natural? Deixemos que a humanidade
construa o seu destino rácico da forma que melhor entender, ou
miscigenando-se ou mantendo-se separada. O que importa é não contrariar
as pessoas nas suas opções individuais, nos seus instintos íntimos.
Devemos todos ter a liberdade de nos miscigenarmos se assim o quisermos,
como também devemos ser livres de o não fazer se assim o entendermos
ser o melhor para nós. Agora impor segregações ou misturas à força é que
não. São estas imposições que também estão na base de muitos conflitos.
No fundo, todas estas reflexões só me levam a concluir o seguinte: Colhemos sempre o que plantamos!
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